Platão e o Conto da Caverna

 

  Pessoal, estou voltando a postar artigos do Histórias, após organizar melhor os meus projetos. Eu trabalho com marketing e também com Bitcoin e me vi tendendo para esses empreendimentos por serem mais rentáveis; mas decidi que vou dar lugar na minha para a minha paixão; mesmo que dê pouco dinheiro. Afinal, viver pra ganhar dinheiro não é o mesmo que ganhar dinheiro para viver, e o que me faz me sentir vivo é a literatura.
  Nada melhor para reinaugurar o Histórias de Mistério do que falar sobre a importância da ficção, e como ela pode usada como muito mais do que mero entretenimento. Ela pode ser usada para entesourar sabedoria que seria muito difícil, ou muito chato, mantê-la apenas no formato didático.
   Platão sabia muito bem isso, por isso que ele também escrevia ficção: para expressar suas ideias de uma maneira fluida e inteligível.
   Talvez a melhor dessas histórias de Platão tenha sido o conto da caverna, que eu transcreverei aqui, com alguma licença poética. Como toda a lenda, cada um encontra seu próprio jeito de conta-la. Depois iremos refletir sobre a história.


   Em O Conto da Caverna, Platão começa nos explicando sobre dois homens que passaram a vida inteira presos em uma caverna, desde que nasceram. Ele não conta porque eles foram presos lá; mas dá para imaginar que eram indesejados pela comunidade, com alguma característica de nascença ou algo assim.
   Nesta caverna, tudo o que eles viam eram algumas sombras de estátuas, deixadas por seus opressores em cima de alguma rocha inacessível. Quando a luz do sol projetava essas estátuas na parede da caverna, os dois homens assistiam intrigados aquelas imagens estáticas. Tais estátuas eram como um programa de televisão diário, que eles não perdiam.
   Os dois homens ficavam então interpretando aquelas sombras e conversando sobre o que elas seriam. Eram estátuas de soldados, de animais, de árvores, etc.
   Durante todos os anos de suas vidas era tudo o que conheciam: meras sombras de imitações da vida, e nada mais.
   Talvez tenham se passado umas quatro décadas e os dois homens, já de meia-vida, nunca saíram dessa caverna. É possível que eles comiam ratos, morcegos e artrópodes, pois Platão não menciona que eles recebessem algo além daquelas estátuas. A comunidade se esqueceu deles, e foram embora.
   Por fim, um dos homens, vencendo o medo daquela luz que viam, resolveu segui-la, finalmente saindo da caverna.
   Lembre-se de que esses homens nunca tinham visto nada na vida, além daquelas sombras. O que esse homem viu ao sair da caverna deixou-o simplesmente maravilhado!
   Ele descobriu que os passarinhos, além de coloridos, também produziam notas musicais magníficas!
   Descobriu que os elefantes eram, na verdade, criaturas enormes, muito maiores do que certa estátua insinuava, eram elegantes criaturas azuladas que marchavam em grupos sobre as águas rasas e caçavam raízes com seus longos narizes (que por vezes também usavam como chuveirinho, rsrsrsrs).
   E o rio, que ele vê agora pela primeira vez! Que nenhuma escultura era capaz de imitar sequer uma partícula de sua beleza! Água corria feroz em uma quantidade muito maior do que ele talvez tenha presenciado em algum charco gotejante dentro daquela caverna. Quando a luz do sol batia nas águas, era como se ela estivesse cheia de glitter!
   Tente imaginar o quão fantasioso e inacreditável era o mundo lá fora para este homem. Cheio de lágrimas, o homem volta para libertar seu companheiro. Dentro da caverna ele fala sobre as coisas magníficas que ele viu lá fora.



"Amigo, tu nem imaginas o que vi. Lá fora, de onde a luz vem, essas sombras se mexem! E são de cor muito mais vibrante!

"O quê! A sombras se mexem? Está louco homem?"

"Mas é verdade! E toneladas de água correm continuamente."

"Ahahahaha, toneladas de água, que aqui temos que procurar o dia inteiro para encontrar. Deve estar delirante de sede."

"E algumas estátuas tocam sons lindos, e voam. Outras estátuas tem comida pendurada nelas, é só pegar! É doce como eu jamais tinha experimentado."

"Tu falando essas asneiras de comida pendurada enquanto passamos fome todos os dias. Ah, isso é intolerável. Está expulso dessa caverna! Suma daqui e tente sobreviver dessas tuas fantasias ridículas! Se eu te ver novamente eu te mato."


   Já deve ter notado que foi exatamente essa história me fez ver o verdadeiro valor do que eu estava deixando para trás; às vezes só ganhar dinheiro para pagar as contas é cômodo e triste como passar a  vida comendo, bebendo e dormindo dentro de uma caverna...
   Enfim, galera, não é tão difícil decifrar o quê Platão quis passar com essa história. Ao passo que tomar coragem e desbravar o desconhecido, seja fisicamente ou por meio da expansão intelectual, pode nos maravilhar e encher nossos olhos de júbilo, nossos antigos amigos podem preferir continuar interpretando meras sombras da realidade.
   E você como você interpreta essa história? Ou comente o que achou da história, fique à vontade.





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