Guia da Insônia #23 Clarice Lispector

Chaya Pinkhasovna Lispector (1920-1977)
Estilo: Modernismo


 Sendo uma escritora da escola literária do Modernismo, a maioria das obras desta escritora perturbam o leitor; e na maioria das vezes era esse mesmo o propósito da Clarice Lispector. 
  Não sendo obras de horror no sentido romântico da ideia, os textos ficcionais desta escritora que falam sobre o medo, o fazem de uma forma quase mística, perturbando o leitor lançando dúvidas quanto à integridade da existência psíquica.
   Aqui não há monstros, o monstro é o cosmos e tudo o que nele há de desconhecido; principalmente o cosmos confuso e desconhecido que há dentro de cada ser humano.
  As personagens passam por situações cotidianas mas impactam-se com isso de forma descomedida e misteriosa, tendo experiências, eu diria herméticas, com novos estados de consciência onde percebemos que essas personagens perderam, no processo, algo de importante dentro da Construção do Ser dessas personagens.
   Portanto, a escritora produz medo no leitor de forma minimalista; descrevendo situações simples que são, na visão do mundo das suas personagens, situações complexas e muito perversas.



Sugestões de leitura  


Perto do Coração Selvagem. 1943.  Conta fragmentos da história de vida de Joana. Uma mulher desprovida de moral, em um estado selvagem e instintivo; que não vê problema em ferir ou ser ferida, trair ou ser traída.


















O Lustre. 1946. Agora Clarice nos apresenta Virgínia; outra personagem carregada de instinto selvagem. Neste livro entramos dentro da alma da Virgínia, um lugar melancólico, introspectivo, onde a personagem se encontra perdida. E também o mundo externo da personagem, como ela reage a um afogamento misterioso, bem como ela ter crescido um tanto solitária e sem afeto.












A Maçã no Escuro. 1961. Após um longo hiato de mais de dez anos, a escritora lança um livro com seu primeiro protagonista masculino, Martim; que vive a fugir ao ter entendido que matou a própria esposa. Embora o livro não seja um romance policial, aqui Clarice Lispector empresta alguns elementos do gênero: temos um crime e um suposto suspeito. Mas o protagonista é próprio suspeito ao invés de algum detetive.













A Paixão Segundo GH. 1964. Uma mulher fica transtornada ao ter esmagado uma barata: ela percebe que também esmagou algo dentro de si mesma.

















A Hora da Estrela. 1977. Uma história mais curta, que chamamos de Novela (saiba mais aqui). Aqui conhecemos Macabéia, uma nordestina em suas desventuras após ter emigrado para o Rio de Janeiro; onde ela vê sua vida decair em vários aspectos, inclusive o romântico. Aí ela decide se consultar com uma misteriosa cartomante... O narrador também é uma personagem, o escritor fictício Rodrigo S.M, que conta a história de Macabéia com sadismo e ironia.

















Contos de Clarice Lispector. A escritora também foi uma prolífica escritora de contos, que não são difíceis de encontrar, na íntegra, em blogs de fãs da escritora. Os temas de seus contos incluem desde seu estilo peculiar minimalista, passando pelo horror psicológico, e chegando até ao horror mais convencional, com rituais e cenas macabras. Eu deixo aqui sugerido quatro de seus contos mais perturbadores: O Amor, O Primeiro Beijo, A Imitação da Rosa e Onde Estivestes de Noite.





2 comentários:

Fernando Vrech. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.