O Mistério do Homem de Somerton

   Também conhecido como o caso da Taman Shud, esse é um dos assassinatos não solucionados da história.
  O cadáver de um homem foi encontrado na paria de Somerton, Adelaide, Austrália, em 1 de dezembro de 1948.
   Na noite anterior, o joalheiro Jhon Bain Lyons e sua esposa viram um homem deitado, ainda vivo, com os pés cruzados, na praia. O casal observou o homem estender o braço direito para cima mas acabou deixando-o cair de volta para o chão. O casal pensou que o homem estivesse bêbado tentando fumar o cigarro. Quando Lyons retornou de manhã para saber sobre o "homem Bêbado", o corpo estava frio, na mesma posição. O corpo foi levado para o hospital Royal Adelaide.
O corpo do Homem de Somerton foi encontrado nessa praia, deitado, à esquerda da escada, com a cabeça encostada em uma pedra.

   No corpo havia um cigarro não aceso atrás da orelha e outro usado pela metade no colarinho direito do casaco, próximo a bochecha.  O conteúdo dos seus bolsos foi espalhado na mesa: um bilhete de ônibus de Adelaide para St, Leonard em Glenelg, um bairro da cidade. Também um bilhete de trem de segunda classe de Adelaide para o subúrbio de Henley Beach. Encontrou um pacote de cigarro, Clube do Exército, da marca Kensitas, mais caro que o que estava fumando; uma caixa de fósforos Bryant & May, dois pentes e uma caixa de chicletes pela metade. Um dos bolsos da calça esta remendado por um fio de cor laranja. Usava roupas sociais, camisa branca, calça marrom, gravata vermelha e azul, sapatos e meias sociais; suas roupas tinham as etiquetas removidas. O Homem também usava um suéter e casaco, embora a época seja de calor no local, mesmo a noite. Sem documentos.
   O famoso patologista australiano Jim Burton Cleland constatou que o homem era de aspecto "britânico", entre 40 e 45 anos. Um estudo de seu aspecto físico revelou unhas e mãos sem sinais de trabalho físico, formato dos dedos dos pés triangular, indicando que o homem usava botas com salto e bico pontudo, músculos da panturrilha bem definidos, o que demonstra um grau de atletismo, a definição da panturrilha é geralmente encontrado em maratonistas ou dançarinos. Um dos especialistas afirmou:


"Eu não tinha visto uma tendência de definição tão pronunciada da panturrilha como neste caso. Seus pés são bastante marcantes, sugerindo - esta suposição é minha - que ele consumava usar sapato de salto e pontiagudos."

   A autópsia revelou que vários órgãos estavam em estado congestionado, indicando envenenamento. Uma parte do laudo está transcrito abaixo:


O coração estava em seu tamanho normal, e normal em todos os demais aspectos (...) pequenos vasos incomuns de serem encontrados no cérebro eram facilmente discerníveis com congestão. A faringe estava congestionada, e o esôfago coberto por branqueamento das camadas superficiais da mucosa, com uma trilha medial de ulceração. O estômago estava profundamente congestionado (...) havia congestão também na 2ª metade do duodeno. Havia sangue misturado ao alimento no estômago. Ambos os rins estavam congestionados, e o fígado continha grande excesso de sangue em seus vasos (...) o baço apresentava inchaço expressivo (...) de aproximadamente 3 vezes seu tamanho normal (...) exame microscópico revelou a destruição de lóbulos do fígado (...) hemorragia gástrica aguda, congestão extensiva do fígado e baço, e congestão do cérebro.

   Sua última refeição foi um pastel, consumido entre três ou quatro horas antes da morte. Mas nenhum vestígio de veneno conhecido foi encontrado em seu estômago, que estava cheio de sangue.
   Sir Cedric Stanton Hicks, um eminente professor, informou a Cleland que algum tipo raro de veneno, que se decompõe muito cedo após a morte, pode ter sido a causa da morte. Ele passou a Cleland um papel com o nome de duas possibilidades: Digitalis e Strofantina. Ambas as substâncias são glicosídeos, ou seja, seu sabor pode ser disfarçado em bebidas doces.
  
   Embora a própria Scotland Yard tenha fotografado o homem e mostrado por todo o mundo, não se encontrou nenhum identificação positiva. As digitais do cadáver também foi comparadas a todos o banco de dados disponíveis pelo mundo e não houve nenhuma identificação.

                                                                                                               
   Nenhuma nova pista sobre o caso foi descoberta até 12 de janeiro quando uma mala foi encontrada no guarda volumes da estação ferroviária principal de Adelaide, que teria sido deixada lá por volta das 11 da manhã do dia 30 de novembro de 1948, algumas horas antes do homem ser visto na praia.
A mala tinha sua etiqueta removida e o conteúdo... um roupão vermelho xadrez, 4 pares de cuecas, um par de chinelos de feltro vermelhos tamanho 7, calças marrons com areia nas barras, outras peças de vestuário e alguns itens desconcertantes como uma chave de fenda de eletricista, um pincel de estêncil, uma faca de mesa trabalhada e afiada para se tornar um instrumento de corte curto e afiado (talvez uma arma) e um par de tesouras usadas em navios para demarcar mercadorias. E um item que identificou, sem sombra de dúvidas o proprietário da mala como sendo o cadáver de Somerton: um retróz de linha laranja. A calça marrom com areia nas barras parece indicar que o homem misterioso tinha o hábito de andar pela praia de social.


   Outro aspecto importante do achado foi o nome Keane, rabiscado na gravata encontrada, em um saco de lavanderia e "Kean" em uma camiseta; talvez quem escreveu não tenha finalizado o nome. Um casaco bordado encontrado poderia apenas ter sido feito com maquinas existentes somente nos EUA. Mas uma empresa que fazia esse tipo de trabalhou afirmou, após ser contactadas, que esse bordador é feito somente com a presença dos clientes e que não havia registro de nenhum cliente estrangeiro cadastrado na empresa.



    Em abril, John Cleland descobriu mais uma pista: um bolso secreto, localizado no cós das calças do homem, tinha um papel escrito em forma estilística e impressa, as palavras "Tamam Shud. Um repórter policial da época, Frank Kennedy, reconheceu as palavras como sendo persa e sugeriu a polícia que o homem tinha uma cópia do livro de poesia Rubaiyat of Omar Khayyam. Essa antiga obra, escrita no século 12, ficou popular na Austrália, nos anos de guerra, em uma famosa tradução por Edward FitzGerald. Tamam Shud significa "O fim", palavras finais muito comuns em livros. Após a mídia espalhar a notícia, um homem aprece com uma cópia do livro com a página arrancada correspondente ao pedaço encontrado. O homem afirma que o livro havia sido encontrado no banco de trás de seu carro, quando ele havia esquecido a porta aberta, na noite anterior a morte do homem misterioso. Um exame de microscopia confirma que era o mesmo livro cuja página havia sido arrancada. O detetive Lionel Leane encontrou no livro havia duas pistas importantes: fracas marcas de letras até hoje não decifrado e o telefone de uma ex-enfermeira. Essa enfermeira, que vivia próximo à praia de Somerton, teria servido na segunda guerra mundial, a polícia resolveu proteger a identidade da mulher, visto que ela parecia viver com um homem, somente seu apelido foi divulgado, Jestyn. Ela relutantemente confessou ter dado uma cópia do livro Rubayat a um Oficial do exército chamado Alfred Boxall. Os investigadores cogitaram que essa fosse a identidade do homem até encontrar Boxall vivo e este apresentou sua cópia do livro intacta.
   Ao entrevistar Jestyn novamente, ela revelou que, algum tempo do ano anterior ela estava voltando para casa quando os vizinho lhe avisaram que um homem desconhecido havia ligado e perguntado por ela. Quando o detetive Leane mostrou uma foto do cadáver, ele afirma "ela parecia totalmente surpresa, o ponto de desmaiar". Embora sua reação tenha indicado que ela conhecia o homem, ela negou que o conhecia.


   A segunda pista, o código, fora encontrado pelo detetive Leane após expor as fracas marcas de letras sobre luz ultravioleta. Mas o código jamais foi decifrado.











  Enfim o corpo foi enterrado e o caso ficou sem solução. Jestyn morreu pouco anos depois. Posteriormente fora encontrado flores sobre o túmulo do homem. Embora pessoas estranhas ao homem possam ter colocado flores em seu túmulo por compaixão.
  Em 1958, A polícia publicou os resultados finais da investigação:

"Incapaz de dizer quem foi o falecido... Incapaz de de dizer como ele morreu e qual foi a causa da morte.

   Mais tarde, Gery Feltus, um dos pesquisadores que insistem em desvendar o caso tropeçou em mais uma evidência, outrora subestimada. Nos arquivos das polícia australiana, o relato de uma testemunha que esteve em Somerton, caminhando na direção em que o homem morto foi encontrado. Ele afirma ter visto "um homem carregando outro em seu ombro, perto da borda da água."
   Atualmente, uma mulher chamada Kate Thompson afirma ser filha de uma enfermeira que viveu próximo à praia de Somerton. O nome de sua mão, Jéssica Thompson, poderia estar relacionado a Jestyn, cuja polícia protegeu seu verdadeiro nome.

"Ela tinha um lado sombrio, um lado negro muito forte - Afirma Kate. "Ela me disse que sabia quem ele era mas não quis expor a situação. Sempre tive medo que ela fosse a responsável pela morte dele."
   Kate afirma que sua mãe era uma espiã soviética e que o homem desconhecido era seu amante. 

   Jessica Thompson teve outro filho, Robin, já falecido. A viúva de Robin, Roman Egan, e sua filha estão tentando provar que Robin é filho do homem desconhecido, mas as autoridade australianas, até o momento, se recusam a permitir a exumação o corpo para retirar material genético.
   Todas as informações, até o momento, nos levam a crer que o homem desconhecido era alguém envolvido na segunda guerra mundial, provavelmente um espião e que teria sido assassinado como consequência do seus trabalho, talvez por Jéssica Thompson, sua amante. Mas há quem imagine explicações mais estranhas para esse mistério. Alguns creem que o homem de Somerton era um viajante do tempo, por isso ninguém o conhecia e suas digitais não foram identificadas.

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