Os Herois Esquecidos do Brasil

Pintura representado a Fundação de São Paulo. O Índio a esquerda é o Chefe Teberiçá, herói histórico que consideraremos neste artigo. (Antônio Parreiras, 1913




   Em uma era de segregacionismo, orgulho racial, luta de classes... parece que cultuamos muitos heróis históricos. Personalidades históricas como Che Guevara, Zumbi dos Palmares e Frida Kahlo são sempre mencionadas pelas pessoas mais ideológicas; buscando imortalizar seus nomes.
   Mas será que, entre tantos milhões de pessoas importantes que já viveram, não haveriam pessoas que mereceram muitos mais serem lembrados? E que nos esquecemos? 
   Estudando a história do Brasil, alguns brasileiros desconhecidos chamaram muito a minha atenção pelas virtudes deles, pelo esforço que eles fizeram para deixar o Brasil melhor para nós. Acho que esses heróis desconhecidos merecem mais memória.
   Estou certo que outras pessoas estudiosas também valorizam esses brasileiros esquecidos. Caso contrário eu não teria tomado conhecimento sobre eles. Mas eu gostaria muito de, um dia, abrir o livro escolar de história do meu filho e ler um conteúdo que valorize o que as pessoas foram como indivíduos e não por terem se tornado símbolos disso ou daquilo.
   Então eu decidi escrever esse artigo para compartilhar com vocês, queridos leitores, pessoas históricas que me cativaram pela coragem e virtudes que demonstraram. E nos comentários você pode ser recíproco se desejar, compartilhe comigo pessoas históricas que você gostaria que fossem melhor lembradas, ok?


Mário Dias. O Filósofo Brasileiro. Falamos de filosofia no Brasil como se ela fosse sempre importada, como se não houvesse nenhum pensamento filosófico interessante que fosse verdadeiramente brasileiro. Mas a verdade é alguns grandes pensadores brasileiros foram condenados ao ostracismo; simplesmente nos esquecemos deles. Com certeza, esse é o caso de Mario Dias Ferreira dos Santos. 
  Esse filósofo criou uma filosofia chamada Filosofia Concreta, onde não há a possibilidade de discordância já que se filosofa unicamente se baseando na lógica. Outro grande feito deste filósofo foi criar a Enciclopédia de Ciências Filosóficas, um grande compêndio sobre história, Matemática, Lógica, Filosofia, Psicologia, Ontologia entre outros temas. O objetivo de Mário Dias era prover os fundamentos filosóficos para todas as áreas do conhecimento humano. Ele custeou essa obra de larga escala sozinho mas completou seu projeto. 
  Embora tenha produzido uma grande quantidade de filosofia puramente brasileira, Mário Dias não obteve o reconhecimento do ambiente acadêmico brasileiro. Provavelmente isso se deu porque a filosofia de Mário Dias abrangia a teologia, que é uma posição filosófica oposta à vertente filosófica que domina até hoje o meio acadêmico brasileiro: o materialismo dialético, que rejeita o sobrenatural. Ou seja, quando surgiu um pensamento filosófico novo e puramente brasileiro, este pensamento foi rejeitado pelos meios acadêmicos vigentes no Brasil, por que estes já estavam cheios de filosofia estrangeira conflitante. 
  Mas nada nos impede de procurar estudar o trabalho desse grande filósofo brasileiro de que nos esquecemos, sua Enciclopédia de Ciências Filosóficas e a sua Filosofia Concreta.



Murumuxaua Teberiçá. O Grande Chefe. Eu já salientei, na novela Kaos, que os chefes indígenas brasileiros, da tribo Tupiniquim, não se chamavam de caciques e sim de murumuxauas. Mas nas poucas páginas de história dedicada a esse brilhante líder indígena, ele é descrito como o Cacique Teberiçá (ou Tibiriçá).  
  Teberiçá era o chefe tupiniquim da nação indígena estabelecida em Piratininga. A sede de seu governo ficava na aldeia Inhampuambuçu. 
  O chefe indígena se aliou aos colonos portugueses, tendo um importante mas esquecido papel na fundação da cidade de São Paulo. Teberiçá, em tupi, pode significar tanto "Vigilante da Serra" quanto "Olhos nas Nádegas." (é claro que a última possibilidade é menos popular)
  O Murumuxaua e muitos dos índios que o seguiam acompanharam o padre Manuel de Nóbrega na construção da vila que se tornaria mais tarde a cidade de São Paulo. Na época, foi fundada como a povoação de São Paulo de Piratininga, em 1554. Teberiçá se estabeleceu no Mosteiro de São Bento, instalando seus índios pela região. A tolerância do chefe indígena permitiu a povoação dos colonos pela região que hoje é São Paulo.
  Mas a família de Teberiçá estava dividida em relação aos colonos, um de seus irmãos, Piquerobi, era rebelde quanto à colonização.
   No dia 3 de julho, um índio estranho aparece na Vila de São Paulo. Ele vivia entre os índios de Piquerobi e avisou que estavam planejando um ataque à vila. O índio temia por seus parentes que viviam sob a chefia de Teberiçá. O chefe Teberiça ordenou que todos os índios abandonassem as lavouras e se preparassem para defender a vila.
  Em 9 de julho de 1562, Piquerobi e o filho dele, Jaguaranho, lideraram um ataque a São Paulo que ficou conhecido como o Cerco de Piratininga. Ele tentaram invadir o colégio dos jesuítas gritando "jukaí karaíba" ou "morram estrangeiros."
  Jaguaranho venceu as linhas de defesa e se dirigiu às portas da Igreja da Vila onde haviam índias e mestiças rezando por elas e pelos padres que se encontraram ali dentro. Ao tentar arrombar as portas, Jaguaranho foi alvejado na barriga por uma flecha dos índios de Teberiça, que era seu tio.
  Com Teberiça liderando os índios e João Ramalho liderando os combatentes portugueses, a batalha foi vencida no dia seguinte, quando Teberiçá, portando uma bandeira em uma mão e uma Ibirapema na outra (massa de madeira indígena), avançou com seu exército, encontrou seu irmão Piquerobi e o matou.
   A rua em frente ao Mosteiro de São Bento ficou conhecida por um tempo como rua Martim Afonso (nome português de Teberiça). Sem a defesa de Teberiçá à vila de São Paulo durante esta batalha, São Paulo sucumbiria antes mesmo de se tornar uma cidade.
  É notório livros de história escolar assumirem o lado dos índios rebeldes, colocando os portugueses como pessoas más. Mas a realidade é que as tribos que eram intolerantes à colonização eram violentas e muitas vezes canibais, como no caso da tribo dos Tamoios. Talvez seja por isso que esse corajoso herói indígena, o Murumuxaua Teberiçá, tenha sido ocultado no conteúdo escolar, uma vez que ele escolheu apoiar o colonizadores.

Clara Camarão. A Líder Guerreira. As verdadeiras amazonas não eram aquelas gregas derrotadas por Hércules, e tampouco as lendárias tribos de mulheres da Amazônia que cortavam os seios. Não, as verdadeiras amazonas eram mulheres de tribos como a tribo Potiguara, que residiam na atual Bahia. Ficavam ao lado de seus maridos em tempos de paz tanto quanto em tempos de guerra. Essa era a cultura dessas tribos em tempos de guerra, de que as mulheres também assumissem funções militares.
  Clara Camarão e seu marido Filipe Camarão, eram um casal indígena potiguara que combateu a invasão holandesa da Bahia, na metade do século XVII . O nome indígena de seu marido era Potyguaçu (Grande Camarão), e não sabemos o verdadeiro nome de Clara Camarão.
  Ambos são nomes de heróis desconhecidos mas, em vista das limitações desse artigo em termos de tamanho, eu preferi falar sobre a mulher desse casal.
  Clara Camarão era uma grande arqueira, lanceira e até mesmo montava a cavalo. Segundo os costumes tribais potiguares, as mulheres formavam um pelotão separado liderado por uma comandante; e Clara comandava um desses pelotões.
  Segundo o historiador Abreu e Lima, Clara era de uma valentia incomparável. Enfrentava "todos os perigos, castigou por muitas vezes o inimigo e penetrou nos mais cerrados batalhões. Ao passo que combatia, exortava as guerreiras a cumprirem os seus deveres, prometendo-lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-la."
  Clara e sua tropa de guerreiras, juntos com Filipe chefiando os índios da Bahia, foram imprescindíveis na Batalha dos Guararapes, que foi decisiva para a vitória do Brasil sobre aos holandeses invasores. O pelotão feminino teve um destaque particular na Batalha de Barra Grande, na Fortaleza de Porto Calvo, em 1648.

Maria Quitéria Medeiros. A Mulher Tenente. Em um sítio pacato em Salvador, no limiar das batalhas sangrentas geradas pelas tentativas de Portugal manter o domínio sobre o Brasil, um pai acorda desesperado dando por falta sua filha primogênita. 
   Tendo ele próprio recusado ser voluntário para defender o Brasil dos portugueses, negou o inusitado pedido da filha de se alistar. O senhor Gonçalo só queria ter a sua família em segurança no sítio durante o período conturbado.
   Sua filha havia fugido para se alistar disfarçada de homem, usando as roupas emprestadas pelo seu cunhado. Disfarce este que só durou duas semanas quando seu pai finalmente a encontrou no Regimento de Artilharias da Vila Cachoeira.
   Mesmo após ter seu verdadeiro sexo revelado, sua disciplina e proficiência com os equipamentos militares não deixaram de ser reconhecidos pelo seu comandante, o major João Antônio da Silva Castro, ninguém menos do que o avô do escritor Castro Alves. O major permitiu que Maria Quitéria continuasse no regimento, mas arranjou para que ela vestisse um uniforme adequado para uma mulher, incluindo um saiote do tipo Quilt.
   Maria Quitéria lutou bravamente em diversas batalhas pela independência do Brasil, sem usar sua condição feminina para evitar a linha de frente. Entre as principais batalhas que ela participou estão a defesa da Ilha de Maré, depois Conceição e Itapuã. 
   Conta a lenda que ela teria feito dois soldados portugueses prisioneiros após atacar uma trincheira inimiga e os teria escoltado sozinha para o acampamento da sua tropa; na batalha em Pituba, em fevereiro de 1823.
   Quando atingiu o posto de Cadete, Maria Quitéria já era festejada pelos seus conterrâneos, ganhando o direito de andar portanto uma espada, como uma verdadeira oficial do exército. Ela também elaborou seu saiote com mais ornamentos e de cor azul para combinar com o uniforme, também tinha um capacete com penacho, como na pintura acima.
   Com o Brasil independente, Dom Pedro I providenciou que Maria Quitéria fosse condecorada com a medalha da Ordem Imperial do Cruzeiro, o primeiro título honorífico do independente Império do Brasil.
   Alguns relacionam Maria Quitéria com Joanna D'arc ou como uma "Mulan" brasileira. O único motivo para eu achar essas associações errôneas é que Maria Quitéria foi reconhecida como ela realmente é, tendo seu disfarce durado apenas uns poucos dias. Ela não precisou se vestir de homem para ser reconhecida, tendo até mesmo a liberdade de lutar de saia, mas ainda assim conquistando o respeito e até o comando (quando alcançou o posto de tenente) de seus colegas de batalha.



 Marechal Manuel Luis Osório, o Legendário. Nascido e criado na fazenda de seu avô, Manuel Luis aprendeu uma arte que usaria por toda a sua vida e que também o consagraria: a montaria.
  Também era autodidata, aprendendo a ler e a escrever sem ter a possibilidade de frequentar a escola regularmente.
  Começou sua carreira militar aos 15 anos, atuando como soldado na Guerra da Independência Brasileira, a mesma guerra em que Maria Quitéria já lutava.
  Reconhecendo-se carente de estudos formais ele se alistou na escola militar. Mas o exército o chamou para uma nova batalha antes mesmo que ele pudesse começar a estudar, havia estourado a sangrenta Guerra da Cisplatina. 

  O Império do Brasil perdeu essa guerra, mas isso não diminuiu a bravura do então alferes Manuel. Na devastadora Batalha de Sarandi, Manuel salvou a vida de seu comandante, que proferiu, então: "Hei de legar-lhe a minha lança, Alferes, porque a levará aonde tenho levado." Esta lança é, atualmente uma relíquia do Terceiro Regimento de Cavalaria e é empunhada em ocasiões especiais.
  Em um hiato em sua carreira militar, Manuel constituiu família na cidade de Rio Pardo, mas logo outra guerra o clamaria, a famosa Guerra dos Farrapos.
  Uma vez que era liberal, Manuel Luis Osório se simpatizou com a causa farroupilha, tomando o lado dos rebeldes. Até que a causa gaúcha tomou tons separatistas, o que fez com que Manuel mudasse de lado, integrando-se ao Exército Imperial. Após lutar em mais algumas batalhas, Manuel Luis Osório solicitou ser reformado, assim foi-lhe dado o posto de Tenente-Comandante e o comando do Segundo Regimento da Cavalaria; sob seu comando o Regimento foi reorganizado e melhor treinado.
  O tenente e seu regimento foram enviados mais uma vez para a batalha, quando o governador de Buenos Aires, Juan de Rosas, declarou guerra ao Brasil. Com o apoio de aliados uruguaios, o Brasil derrota Rosas graças ao rompimento das defesas do inimigo pelo Segundo Regimento comandado por Manuel Luis Osório. Nesta batalha, Manuel é promovido a Coronel.
  Quando alcançou o posto de Brigadeiro ele foi comissionado a uma expedição de exploração ao Alto Uruguai, onde descobriu riquezas ervais na região, o que lhe rendeu o título de Marquês do Herval.
  Com as ameaças de Solano Lopes, presidente do Paraguai, surge uma Tríplice Aliança: Brasil, Uruguai e Argentina, como resultado de uma ofensiva do Paraguai, em que Lopes invade o Mato Grosso, o Rio Grande do Sul e a província de Corrientes, na Argentina.
  O Brigadeiro Manuel Luis de Osório teve participação no cerco de Uruguaiana, cidade sulriograndense em que o exército do Paraguai se encontrava por tê-la invadido. Sucumbido pela fome, o exército paraguaio se rende em 18 de setembro de 1865. Esse cerco levou Manuel ao posto de Marechal-de-Campo.
  O Marechal continuou atuando na Guerra com o Paraguai, inclusive tendo sido ferido gravemente. Participou de batalhas importantes durante esta guerra como Estero Bellaco e Tuiuti, que é considerada a maior batalha ocorrida na América do Sul da história.
  Após se recuperar e sendo renovado com o posto de Tenente-General, segundo posto da hierarquia militar da época, O General Manuel Luis de Osório conquista a poderosa fortaleza paraguaia de Humaitá, fincando no complexo militar a bandeira do Brasil (uma bandeira já parecida com a atual, com um brasão no lugar o globo azul). A fortaleza foi usada pelo Brasil por algum tempo.




Guerra do Avaí. Você consegue encontrar o General Osório nesta pintura, escondendo seu ferimento com um poncho?   (Pedro Américo, 1879)


  Essas realizações heroicas não pararam o General, que participou ainda de outras batalhas na Guerra do Paraguai; como a sangrenta batalha de Avaí, de dezembro de 1868, onde o General Osório foi alvejado no maxilar. Sabendo da sua importante presença em campo de Batalha, o General escondeu o ferimento com um poncho e continuou lutando até que a hemorragia o obrigasse a deixar o campo de Batalha, mas sua carruagem de guerra foi mantida vazia em campo para ajudar no moral dos soldados.
  Para se recuperar do ferimento, o General Osório se retirou do campo de batalha por meses, assumindo, somente em 6 de junho do ano seguinte, o Primeiro Corpo do Exército para a Campanha das Cordilheiras, que resultou na morte de Solano Lopez e na vitória da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Mas o General Manuel Luis de Osório é obrigado a deixar a campanha antecipadamente por conta da piora em seu estado de saúde. Desde então ele não participa mais de batalhas, sendo nomeado Marechal do Exército por decreto, com a ascensão do partido Liberal, e assumindo o Ministério da Guerra, posto em que ficou até a sua morte.
  O Marechal Manuel Luis Osório é um ídolo do Exército Brasileiro, especialmente da Cavalaria. Ele é sim muito lembrado pelos militares, mas seus feitos heroicos tem pouca importância no conteúdo programático escolar provavelmente por ter sido um liberal e um monarquista; posições que conflitam com a posição política do ensino público freireano.





Ana Floriano (apelido de Anna Rodrigues Braga). A Subversiva. Logo após os horrores da sangrenta guerra do Paraguai, o Império do Brasil decreta (nº 5.881, de 27 de fevereiro de 1875) a regulamentação do sorteio para o recrutamento nas forças armadas. O alistamento passava a ser então obrigatório. Isso não agradou nem um pouco a população brasileira, gerando diversas revoltas pelo Brasil.
  Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, uma rebelião se destaca por uma peculiaridade: era formada por 300 mulheres, conhecidas como as "300 subversivas," comandadas por Ana Floriano. Eram mulheres revoltadas que desejavam proteger seus maridos, filhos e outros parentes masculinos de serem forçados a se alistar. 
  Posteriormente, soldados foram enviados para o prédio do jornal "O Mossoriense", na época com ligações maçônicas e abolicionistas. A missão dos soldados era garantir que o episódio do motim não fosse publicado. Ana Floriano pegou um espeto na mão para enfrentar os soldados e defender os jornalistas, entre eles o seu filho, que era fundador do jornal. Ôh mulé arretada!
  Sobre o motim das subversivas, podemos ler o depoimento de uma testemunha ocular, Romão Figueira, colhido pelo historiador Vingtun Rosado:

  “Ana Floriano, tipo de mulher forte, olhos azuis, cabelos louros, estatura além do comum para o seu sexo, encabeçava o movimento. No dia marcado, estavam umas trezentas mulheres reunidas em Mossoró, porque as próprias Evas dos arrabaldes haviam aderido ao motim.
  O cortejo rebelde partiu da atual rua João Urbano indo até à hoje praça Vigário Antônio Joaquim. Aí foram rasgados os editais pregados nas portas da igreja e despedaçados vários livros. Da praça Antônio Joaquim, dirigiram-se as amotinadas à praça da Liberdade, passando pela rua 30 de Setembro. Naquele logradouro público, achava-se disposto um corpo de polícia, ali posto com o fim  de dominar a sedição. Aos gritos de Avança!, logo ficaram confundidos, no tumulto da luta, soldados e mulheres. Como era natural, foram várias feridas, tendo a interferência de pessoas gradas da localidade evitado mais funestas conseqüências.”


Luiz Gama, o Advogado de Escravos. De colônia a Império, o próximo passo para melhorar o Brasil seria de Império a República. Para conseguir esse feito o Brasil precisaria passar por muitas transformações, e a abolição da escravidão, concedendo a todos os brasileiros direitos civis, sem dúvida foi uma das transformações mais importantes.
  Sabemos que no Brasil a escravidão foi sendo abolida aos poucos, por meio de leis como as do Ventre Livre, que acabou com a hereditariedade da condição de escravo. Mas a escravidão ilegal (não querendo eu santificar a escravidão "legal") continuou pelo Brasil, fazendo com que muitos escravos só pudessem ter a liberdade por meios jurídicos.
  Luiz Gama, feito escravo ilegal aos 10 anos de idade, conquistou a liberdade por meio jurídicos, já que era filho de pais livres; sua mãe uma negra livre e seu pai português. Ele conta que teria sido vendido pelo próprio pai aos 10 anos, por conta das dificuldades financeiras.
  Tornando-se advogado, Luiz Gama lutou para que outros escravos ilegais pudessem ser libertados. Assumindo pautas liberais e republicanas, Luiz Gama também entrou para a maçonaria, sociedade que abomina a ideia de escravidão.
  Como jornalista ele foi o fundador de diversas mídias, como o "Diabo Coxo" e "Cabrião", junto com outras pessoas brilhantes da época.
  Como advogado consta que Luiz Gama chegou a libertar mais de 500 escravos. Mas ele também atendia pessoas de qualquer cor que precisasse de sua ajuda.
  Em um dos julgamentos em que participou, Luz Gama proferiu uma frase que certamente, foi chocante para as pessoas na época:


"O escravo que mata o seu senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa."


  Então, pessoal, essas são as personalidades históricas, verdadeiramente heróicas, que eu gostaria que tivessem espaço no conteúdo do ensino escolar. É triste ter que dedicar dias procurando informações para escrever esse artigo, eu queria saber sobre eles já de cór desde a minha época de colégio.
  Ao invés de ter ficado repetindo respostas de prova, no colégio, como "Zumbi dos Palmares Zumbi dos Palmares" ou "Princesa Isabel Princesa Isabel"  eu queria ter ficado decorando respostas de prova como: "Maria Quitéria, Maria Quitéria" ou "Luiz Gama, Luiz Gama." E você, leitor, que herói desconhecido da história você gostaria de ter ficado estudando na época do colégio?  

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