5 Livros Chatos que nos Obrigavam a Ler no Ensino Médio




   Conhece alguém que sai da escola adorando literatura? São poucos. A razão para isso? "Preguiça de Ler", "Falta de Cultura", "Muito Videogame"... professores diriam assim, certamente. Mal sabem eles que são eles próprios a razão para alunos odiarem literatura, não é verdade?
   Em suas aulinhas rebuscadas, ao invés de fazerem os alunos pegarem gosto pela literatura, os professores traumatizam os alunos, obrigando-os a ler o que há de mais terrível na literatura brasileira. E quando digo terrível, não estou me referindo gênero terror, do qual seria ótimo fazer um trabalho escolar. Estou me referindo a livros terrivelmente chatos.
   Porque nenhum professor teve a ideia de discutir Tolkien em sala de aula? Porque os professores ainda consideram a fantasia, o terror, o noir e a ficção científica subversivos demais para a sala de aula. Mas seria Tolkien subversivo? Um acadêmico, filósofo e linguista, certamente, não foi subversivo. Isso mostra que a questão não é cultural. De cultura, esse gêneros, rejeitados pelo ensino brasileiro, tem de sobra.
   Para ser justo, na sala da aula, professores devem seguir o conteúdo programático. Porque, então, o Ministério da Educação não muda a grade escolar, para acrescentar algo mais no ensino literário do que romantismo e realismo? 
   Pura cafonice; realmente ainda se esquivam de mostrar o melhor da literatura para jovens, por considerar a literatura juvenil subversiva. Os alunos se assustam com a cafonice do conteúdo programático escolar e, depois de serem obrigados a lerem umas 50 000 palavras de verdadeiras chatices literárias, saem da escola querendo moer livros.
   Tudo bem, temos que aprender sobre os nossos escritores clássicos, como Machado de Assis. Porque, então, não apresentar o trabalho mais "subversivo" de Machado de Assis, como o fantástico conto A Sereníssima República? 
   Porque a implicância do MEC é com os gêneros literários mesmo.
  Em minha opinião, o sci-fi, o noir e a fantasia poderiam sim ser muito úteis na grade escolar, para cativar o interesse dos jovens pela literatura. É claro que haveria ainda espaço para ensinar sobre realismo e romance para eles, mas depois de terem seu interesse cativado por leituras mais agradáveis
  Se você é da área do ensino, converse sobre essa ideia com a diretoria de sua escola; não deixe a cafonice do conteúdo programático assustar os alunos.
  Para finalizar, nada melhor do que memorar os livros terríveis, alguns inadequados, que os professores mais adoram obrigar a molecada a ler na escola. 
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A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães.
Uma escravinha chatinha, boazinha, bobinha e um vilão mauzão... sim, é um romance, com personagens idealizados. Mas A Escrava Isaura  é um exemplo de que um romance idealizado demais, com personagens fabricados em "linha de produção" pelos muitos escritores anteriores, denota falta de criatividade, é não é o que o leitor quer ler.



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Lucíola, de José de Alencar.
Este foi o livro que me inspirou a escrever esse artigo. O li obrigado pela minha professora, e ainda tive que escrever uma síntese de toda a história. Sobre uma prostituta que se apaixona. Tá, até teve umas partes eróticas divertidas aqui ou ali, mas não bastaram para salvar o livro. Os eventos no decorrer do livro, uma tentativa do escritor de prender a atenção do leitor, são completamente sem graça: os personagens, brigam, voltam, brigam, voltam. E a protagonista sempre voltando diferente. Talvez uma metáfora sobre a complexidade feminina; mas que ficou uma verdadeira patetice feminina.




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O Cortiço, de Aluísio de Azevedo.
Um redtube literário, aplaudido como um representante do naturalismo brasileiro. Mas o mais importante faltou: ser legal. Eu pensaria que o escritor estivesse sobre efeito de LSD, de tanta viajem contida nesse livro, se não fosse o fato de que o LSD só foi descoberto 25 anos depois da morte do escritor.




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Iracema, de José de Alencar.
O livro campeão dos rebuscados, cheios de prosa poética e descrições decorativas. De crítica, não falarei mais nada; só citarei uma frase do livro que, certamente, representa o livro: "Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras."


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Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo.
Um livro moralista com um protagonista mimizento. Moço pobre, casamento por interesse, a alta sociedade hipócrita... clichês sobre clichês.


  Você, leitor, também ficou com trauma de algum livro que foi obrigado a ler na escola? Ou gostou de um livro dessa lista e quer defender seu ponto de vista? Comente embaixo e enriqueça o artigo com suas experiências. Compartilhe o artigo com seus amigos para descobrirmos se eles também passaram por essa experiência...








8 comentários:

  1. O cortiço é um livro maravilhoso. Não é apenas um romance naturalista, mas uma analise comportamental do ser humano, no qual o autor nos mostra situações em que as pessoas são influenciadas pelo meio em que vivem e pelos instintos. Pra mim foi uma obra-prima, muito escrito e elaborado. A gama extensa de personagens foi para enriquecer ainda mais a obra. O tom de ironia, sarcasmo e humor entrelaçados denotam a virtuosidade dessa obra. Não concordo com suas palavras. Achei o livro com uma leitura dinâmica e rica. Ele é único no gênero, tratando temas proibidos na época.
    O mesmo digo de "A Escrava Isaura" você o leu mesmo? Na Tv essa história é adaptada de uma forma muito exagerada romanticamente, mas o livro é uma tensão enorme, transferindo sensações de medo, menosprezo, brigas familiares. Ele faz apenas parte da escola literária do Romantismo, mas se engana quem pense da forma como você detalhou. E cuidado, 'viagem substantivo é com "G"

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    1. Eu concordo com você que livros do gênero Realismo, ou Naturalismo, tem o seu valor, para quem gosta de ler de um ponto de vista antropológico, psicológico, etc. Mas para jovens em idade escolar são livros chatíssimos, ou mesmo inapropriados. Acabam fazendo o jovem perder o gosto pela literatura, ou mesmo nunca desenvolvê-lo. Para os jovens, livros são entretenimento e não uma leitura científica. Obrigado pela sua opinião.

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    2. Obrigado, Fernando. Eu também penso que para alunos do ensino médio são livros um pouco pesados e pouco atraentes. Eu só ressalto a forma como você fez esse post, falando tão mal de livros tão bons. Tratou-os de forma esdrúxula; essa é a minha ressalva.

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  2. "O Cortiço" está muito longe de ser considerado chato. Pelo contrário, acho que é um dos únicos clássicos brasileiros que os jovens poderiam se divertir muito lendo (bem, tem também "Memórias de um sargento de milícias").

    Tem de tudo nesse romance, ação, comédia, erotismo, drama, o escambau!
    Quando eu era mais novo, eu li esse livro duvidando que era uma obra do século XIX.

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    1. Toda vez que eu critico um livro, o faço torcendo para ser apenas meu ponto de vista. Fico feliz quando outras pessoas gostam de um livro que eu não gostei. Que as pessoas sigam então sua recomendação e se emocionem tanto quanto você ao ler "O Cortiço"; apenas ressalto o cuidado de recomendá-lo para jovens mais crescidinhos...

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    2. Pois é, algumas vezes é somente uma questão de gosto, mesmo.

      Pra você ter uma ideia de quanto isso é relativo: eu tenho verdadeira ojeriza ao Tolkien, particularmente por causa de "O Senhor dos Anéis": achei a prosa desgastante e excessivamente pomposa, enredo arrastado e inflado, elenco de personagens abominável (todos têm a profundidade de um pires e o carisma de uma porta, com algumas exceções).

      Como dá pra ver, é uma questão de opinião, mesmo. Aliás, pretendo ler "O Hobbit", que dizem ser uma leitura bem mais agradável.

      Abraços.

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  3. Concordo com a mensagem que você quis passar. Concordo pela seguinte razão: mesmo os livros mais agradáveis do século passado, eles foram escritos num Português muito inusual para os dias de hoje, de um adolescente comum, que gosta de se divertir, mas o Português até seria o de menos, não fossem os "TEMAS" completamente desinteressantes para quem cresceu na era dos desenhos animados, filmes de ação, etc. Em tudo que apresentam, no momento crucial, livros que falam de "ADULTÉRIO", "MADAMES", "SENHORES", etc., isso é FRUSTRANTE! Para mim, eu simplesmente DETESTAVA livros desse tipo, do estilo do Machado de Assis... Capitu traiu ou não traiu? Que idiotice! Pode ser uma trama bem estruturada, mas é patético! Como é que um autor centra o eixo da sua obra maior num mistério de uma POSSÍVEL traição de uma mulher?
    Enfim! Eu lamento que esses livros sejam obrigatórios nas escolas. Eu lembro que para mim era como xarope amargo ter que ler esses livros

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    1. Mas mesmo Machado de Assis escreveu histórias interessantes, como os contos "A Chinela Truca," "Sem Olhos," "A Causa Secreta," "O Alienista"... mas os professores parecem esconder as histórias legais e nos apresentar um Machado de Assis mais "sóbrio" e "realista," como eles idealizam.

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Fernando Vrech. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.